Capítulo 23 - A Verdade Nua e Crua - By CriSims

Não se deve acreditar em tudo que se ouve. É sempre bom considerar o ditado que diz que “quem conta um conto aumenta um ponto”. As vezes os determinados fatos que são narrados não correspondem à realidade pois às vezes o narrador os relata de acordo com seus interesses e conveniência.  Assim  sendo cá estou eu para esclarecer toda a verdade acerca da nossa saída da Universidade de Riverview.

No período em que viajamos de férias deixamos a república em um estado lastimável. Roupa suja por todos os lados, pias entupidas e com vazamentos, e mau cheiro e sujeira por todos os lados.

Quando retornamos era época de Carnaval e não queríamos passar essa festa tão animada fazendo faxina, de modo que a bagunça foi se acumulando. Não tínhamos dinheiro pra contratar uma empregada, pois havíamos gastado tudo que tínhamos na viagem, na compra de ingressos para pular o Carnaval no clube da cidade, e em nossa produção para não fazer feio na festa.

- E agora Meg, o que devo fazer? O mô não quer que eu vá a esse baile; disse que esse clube não é de respeito, que não é apropriado para mim.

- Depois que compramos os ingressos? Inclusive compramos também pra ele... Pois eu não perco esse baile por nada neste mundo! Gastei um dinheirão com esse megahair!

- Eu não quero que vá a esse clube e ponto final! Principalmente com o figurino que vocês escolheram. Mulher minha não veste uma coisa daquelas!

- Mas mô, o que é que tem demais? As meninas também vão usar a mesma roupa...

- Mas e aí que está o problema Bê! Tudo bem que a Meg, que ta encalhada e com a boca cheia de teia de aranha, se deixe influenciar pela baleia libidinosa, mas você? Você não precisa usar aquela roupa pra chamar macho porque você já tem a mim!

- Mô, você está sendo machista!

- Só gosto de cuidar do que é meu!

- Tá sendo possessivo também!

- Assunto encerrado! Ou esse baile ou eu! Escolha!

- Tá agindo como uma criança mimada! Não é justo colocar as coisas nestes termos.

Enfim chegou o dia do baile e a portuga, mesmo tendo decidido ir conosco, estava demonstrando sinais de arrependimento e prestes a desistir.

- Chris eu ando mesmo sem pica ultimamente, então tou achando que não vou mais ao baile. Depois da discussão que tive com o mô perdi todo o entusiasmo.

- Meg e eu nos entreolhamos assustadas com o palavreado da portuga, pois não sabíamos que em sua terra “andar sem pica” significa “andar sem pique”.

- Ôxe, menina, não é nada disso não! Nós estamos indo a um clube sério, de família; tem essas coisas lá não! Vamos nos divertir, dançar, ouvir música...

- Também poderemos, a Chris e eu, que somos descompromissadas, encontrar uns gatos, né Chris? Mas essa parte que vc ta aí pensando não rola lá não!

A portuga estava tão preocupada com  o “lombrigoso” que não percebeu a confusão que havia feito com sua expressão.

- Queria tanto que o mô fosse; ia ficar tão lindo com aquela máscara de palhaço que comprei pra ele.

- Ôxente, nem precisava comprar máscara nenhuma pois ele de cara limpa já estaria fantasiado, kkkkkkkkkkkkkk...

Então, foi a partir dos fatos que se seguem que se desencadeou todo o processo que culminou em nossa “saída” da universidade, os quais passarei a narrar agora.

Fizemos um alto investimento em nossa produção para aquele baile; Meg e eu chegamos até a colocar aplique no cabelo.

Meg  ficou até parecida com a Lívia Marine, a chefa do tráfico de mulheres de Salve Jorge! Kkkkkkkkk

Beaz, a cara de Morena, protagonista da mesma novela!

E Aníbal no papel que é o dele mesmo! Kkkkkkkkkkkkkkkkk

Ao chegarmos ao clube a portuga foi se soltando e aos poucos esquecendo a discussão que tivera com seu “mô”. Dançamos até não nos agüentarmos mais de pé. E eu, é claro, enquanto saracoteava na pista, não tirava os olhos dos homens pra ver se arrumava uns bofes pra mim, pra Meg, e pelo jeito ia ter que arrumar pra portuga também, tendo em vista o que ela havia comentado anteriormente pois até aquele momento eu ainda não sabia o significado do que ela havia falado.

- Meninas, vou ali no bar pegar alguma coisa pra gente beber.

- Pega mesmo que hoje eu quero “causar” – falou a portuga que já tava ficando assanhada.

- Vá com calma, Beaz – ponderou a ”megrela”.

- Eu não tou mais me importando se ele vai ficar com raiva ou não! Não posso deixar que um namorado mande em mim!

- É isso aí, Beaz, é assim que se fala amiga!

- Aí meninas vamos nos divertir pra valer, aproveitar tudo que nós temos direito, mas com moderação, viu portuga?

- Pôxa Chris, esse baile ta meio devagar. Cadê os gatos...?

- Sei não mulher, só tou vendo “véio” mesmo! Kkkkkkkkk

- Beaz, amiga, eu não sabia que o seu relacionamento com o Aníbal tava assim devagar...

-  Até que vinha bem, mas depois que falei que vinha ao baile...

-  Ah, então começou depois disso? 

- Menina, eu tou preocupada com a portuga; tu ouviu o palavreado dela? Depois eu sou quem levo a fama!

- Tava conversando com ela agora há pouco e ela disse que o negócio começou a esfriar depois que ela disse que vinha ao baile...

- É nada, menina! Ela ta dizendo isso pra disfarçar; acho que ela soltou aquilo sem querer e agora  ta querendo ajeitar. Eu sempre desconfiei que aquele coisinha não era de nada, que aquela coca era fanta!! Kkkkkk...

- Acho que ela ta bem necessitada, porque pra falar aquilo assim do nada, né Chris?

- O pior é que aqui só tem veio. Parece que os gatos da cidade ainda não retornaram das férias.

- Parece que hoje não vamos pegar ninguém.

- Olhe menina, se preocupe não pois eu vou te ajudar. Eu bem que andava desconfiada de que seu mô não tava chegando junto; ele deve gostar mesmo é de outra fruta, kkk. Fique aí bebendo esse goró que eu vou ali e volto já.

Eu como uma pessoa solidária que sou, saí à cata de um bofe pra resolver o problema da portuga. Fui falar com um veinho de óculos que me disse estar procurando uma mulher pra casar. Descartei logo, não servia. Também aquele pobre parecia bem fraquinho, talvez tivesse até problema de coração; ia servir não!

Depois de muita procura ajeitei um cinquentão grisalho pra ela, mas ela não demonstrou muito interesse. Penso que a portuga gosta é de guri mesmo.

Eu arrumei um carequinha charmoso que ficou a noite toda me dando moral.

Àquela altura Beaz já havia bebido todas e já tava com os olhos torto de tanta cachaça, e dançava e cantava como uma alucinada. Parecia estar fora de si; nunca vi a portuga daquele jeito.

Continuava flertando com o careca, enquanto Meg, de tanto rodar na pista atrás de um bofe, descansava em um sofá atrás de nós, quando vi a cena que jamais imaginei ver; não vindo da parte da portuga.

Pois, minha gente, não é que mulher tava nuinha em pêlo dançando em cima do balcão!!!!

E pra completar o Abaitolado resolveu ir ao clube, e chegou no exato momento em que a doida tava fazendo sua exibição! A boate toda parou pra observar boquiaberta!

E Meg, que já tava igualmente bêbada e contrariada porque não encontrou nenhum bofe pra tirar sua teia, resolveu fazer o mesmo!

E eu, que tenho a solidariedade como minha maior virtude, e pra fazer jus a uma fama que ganhei sem merecer, também entrei na onda; não ia deixar minhas amigas pagarem o mico sozinhas! Ficamos as três dando nosso show particular e gratuito pra os presentes naquele baile, naquela terça-feira de Carnaval. Bem dizia meu avô que chega uma hora que toda mulé solta a franga! Kkkkkkkkkkkkkkkkkk

Mas nosso show durou pouco, pois os puritanos da cidade logo trataram de ligar para a polícia, que chegou em poucos minutos e levou todo mundo pra cadeia, inclusive o “palhaço”, para quem a  fantasia não poderia ser mais apropriada, que tentou sair no tapa com um dos policiais tentando impedir que a amada fosse presa. Foi um escândalo! A portuga disse que ia “causar” e realmente causou, quer dizer, nós três causamos muita confusão!

Depois do escândalo, de nossa prisão por atentado ao pudor, e do Aníbal por desacato à autoridade, fomos todos expulsos da universidade. A versão postada pela portuga não passou de “história pra boi dormir”; ela queria era ocultar o que realmente aconteceu. Entretanto, a história do diretor vestido de coelhinho foi verdade, ele também estava no baile, por isso não tivemos como escapar da expulsão. A tia do AB não passou a república pra ele, mas também nos expulsou de lá em virtude das péssimas condições que a mesma se encontrava por negligência de nossa parte. A veia irá transformar a república em uma boate.

Meg realmente foi ser colega de Ossilda, e Beaz, depois do escândalo, não poderia arranjar trabalho mais apropriado do que o que dona Shana lhe ofereceu, kkkkkk... E eu, depois da repercussão do acontecido e pelo fato de ter feito mais sucesso entre as três, fui convidada pra trabalhar na Turquia, mas precisamente em Istambul. Atualmente estou na Capadócia, onde passo as tardes vendo os balões coloridos flutuando na imensidão do céu azul .